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Polca Porca

by Curral

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1.
2.
Fatia, corta, espeta Fura e tritura Enferrujada, inoxidável Cega ou implacável Curva ou retilínea Curta ou entranhada Leve, ágil, eficaz Ou demorada e sádica Amanhece o dia radiante Embora seja outro dia muito árduo Traz bom humor ao Comandante Pois trabalho nunca lhe é um fardo A roda gira, em atrito faiscante Muitas lâminas de muitas ferramentas Algumas para se manchar de seiva Outras para se manchar de sangue Lâminas em métodos rústicos Ou nas extensões das engrenagens Modernas, ou iguais por séculos O fio que risca carnes e pastagens Coser, cortar, espetar, triturar Verbos que aceleram a lei universal Na natureza tudo se transforma Na manufatura, na podridão carnal
3.
A majestosa floração e o calor primaveril É palco aberto à fauna invertebrada Beleza que esconde um acontecimento vil Adormecido sob o manto da natureza morta Na aparente inércia da matéria decomposta A polinização traz uma alegre sinfonia Mas nem sempre o zumbido é motivo de alegria Nem sempre cores vivas e o doce como mel Mas cores frias putrefatas e viscosas como fel Asas em frequências frenéticas, no tom da morbidez Umidade azul e verde no solo ou no ar Úmido calor que apressa a fermentação Varejeiras e vermes têm parentesco singular Varejeiras e abelhas, quase a mesma canção No ar a vida dança leve, no solo a vida em mutação A carcaça generosa da falecida Mimosa Descansa no pasto florido como um funeral Convidados zumbindo em ovação uníssona Pelo pólen, pela carne podre, pelo mesmo ritual Ovos de larvas eclodindo, nem pelo belo, nem pelo mal
4.
Um, dois, três, três, dois, um É a marcha dos carrascos Um, dois, três, três, dois, um Os sem sapatos batem os cascos Pode dançar até cansar Fadiga divertida, que bela ilusão Pode sonhar até acordar Destino não muda, não tem opção Seja em pé ou no meio da lama Ninguém mais é cavalheiro ou dama Há somente um jeito de dançar Bem-vindos à valsa descompassada Pode espernear até acertar Acerto atrasado não vai adiar O espasmo arrítmico e o silêncio Quando a música acabar Seja em pé ou no meio da lama Ninguém mais é cavalheiro ou dama Há somente um jeito de marchar Marcha em três tempos atordoada Novatos, crescidos, naturalmente abatidos Carne tenra, gordurosa, nervosa Corte nobre ou de segunda Todos forçosamente convidados Um, dois, três, três, dois, um É o compasso dos carrascos Um, dois, três, três, dois, um Os sem sapatos batem os cascos
5.
No brete apertado não há ninguém ao seu lado À frente, órgão excretor como seu próprio espelho A única face familiar só faz cagar e mijar Rumo ao final infeliz no brete estreito e cagado No brete apertado a vida passa ao lado Recortada na vista estreita do ripado No brete apertado não há ninguém ao seu lado Mas sobram coices no meio das fuças Chifradas fora do alcance das vistas Num breve momento de instinto inesperado e frustrado Montar à frente ou tentar recuar Desejo animal ou fuga desesperada No brete apertado a vida passa ao lado O castigo pontiagudo vem pelo estreito ripado
6.
Progresso 01:30
A velha estrebaria Foi ao chão em poucas horas Madeira podre não foi párea À maquinaria demolidora Ferro e concreto Piso e parede feito espelho Lá se foi o aconchego Dum rústico ambiente Tubos cromados em úberes mornos Sedententos de ouro branco Lá se foi o calor do toque Das mãos do Comandante A nova estrebaria Preza pela assepsia Tecnológica e fria Rende mais leite todo dia
7.
A póstuma galinha Caramela Formosa, famosa e fabulosa Três quilos e meio de energia Punha três ovos num só dia Ciscar frenético e apetite voraz Da goela à cloaca num instante Genes poderosos e digestão eficaz Ovo de ouro ou somente reluzente? Como um intocável estandarte Seu poleiro hoje está vazio Nenhuma outra penosa ali se atreve Repetir seus feitos com o mesmo brio Bebeu da fonte radioativa toda vida Não contou a ninguém o seu segredo O córrego que vinha da usina abandonada Era seu trunfo e definhar cancerígeno Refeições matinais fartas de gemadas Surtiram os efeitos mais inusitados A prole do Comandante resultou bem variada A escola não foi gentil com seus herdeiros
8.
Polca Porca 04:24
Na sonolenta distração dos Comandantes Saiu cada um do seu cercado Na escuridão da noite, alguns cambaleantes Outros cegos pelo inusitado Grupo desordenado, porém excitado Firmou logo a mesma direção O celeiro esquecido entreaberto Foi o convite para a diversão Uma máquina que debulhava algo Dava o tom e o ritmo monótono Um primoroso concerto elaborado Para o deleite do incauto convidado À meia luz do candeeiro dançam sombras Multiplicam rabos, fuças e bicos inebriados O motor: um e dois, palha seca sob as patas Elegância em coices, chifradas e revoadas Solta a polca e solta a porca O celeiro vai tremer Solta a polca e solta a porca O rabinho vai torcer Quem persegue ou quem foge Quem dança ou só sacode, ninguém sabe Pára a polca, prende a porca O bacon não pode esperar Óinc! Óinc! É a eloquência da liderança Óinc! Óinc! São os gritos de esperança Óinc! Óinc! É o primeiro e o último grunhido Óinc! Óinc! Sem relevante significado Solta a polca e solta a porca O celeiro vai tremer Solta a polca e solta a porca O rabinho vai torcer Quem persegue ou quem foge Quem dança ou só sacode, ninguém sabe Pára a polca, prende a porca O bacon não pode esperar Celeiro aberto e luminária acesa Cercados livres de ferrolho No frenesi da fantasia ardilosa Algo errado... Que passou despercebido...
9.
Apesar de ser somente um cão Passeava nas saletas do alto comando Bonachão, sem nem pedir permissão Acolhido por ser amável e abobado Mas certo dia voltou assustado Reuniu todos na estrebaria Relatou o sombrio e desafortunado Destino de amigos que ora conhecia Memória cruel ter um ótimo faro Em cada detalhe que aquela sala trazia Sutilmente ornamentando o mobiliário Ou na explícita taxidermia Penas, couros, ossos, corpo todo ou busto Retalhados, costurados, estufados Alguns decorativos de alto custo Ou desfigurados em objetos ordinários Havia também um gato vivo Entediado, fazendo pouco caso
10.
Não afligia ainda o cintilante metal Era como uma jóia musical Não pesava ainda ou ensurdecia Enaltecia a vaidade do animal Qual seria a verdadeira utilidade? Bonito, animal algum pode negar Se pudessem entender o Comandante Ele bem que poderia explicar Modelos próprios para todos os rebanhos Variados badalos e tamanhos Vão pesando sempre mais Revelando estridentes decibéis Certa vez, ao avistar o predador Despreparados como outras tantas vezes E mesmo assim paralisados de terror Soou o sino revelador das pobres reses Qual seria a verdadeira utilidade? Além de atrair predadores e pastores Até o acasalamento perde espontaneidade Trilha sonora de todos os horrores Certa vez, num impulso louco de fugir A cerca bamba e os arames relaxados Pobre terneiro, mediu mal o seu devir Rasgou a carne, esperneando aos badalos Qual seria a verdadeira serventia? Além de humilhar os desventurados A calamidade ganhou melodia Tal corda de forca enfeitada com arranjos
11.
12.
Numerar sepulturas e carneiros Reduzir carnes podres a algarismos - Tal é, sem complicados silogismos, A aritmética hedionda dos coveiros. Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros, Na progressão dos números inteiros A gênese de todos os abismos! Oh! Pitágoras da última aritmética, Continua a contar na paz ascética dos tábidos carneiros sepulcrais Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros, Porque, infinita como os próprios números, A tua conta não acaba mais! By Augusto dos Anjos

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Alternative metal with influences of unusual rhythms like waltz and polka, with lyrics in Portuguese.

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released July 29, 2020

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